Programas
Norte Silvestre e Agreste
Norte Silvestre e Agreste
Quais são os padrões meteorológicos, os mitos e histórias, os ritmos, cores e formas, os habitantes humanos e não-humanos que constituem o Noroeste Ibérico na sua realidade e ficção?
Querendo saber sobre os rituais e modos expressivos de pessoas, animais, plantas, elementos e minerais, fomos em busca das raízes, terminações e tentáculos do Noroeste Ibérico, tentando encontrar, conhecer e permanecer nos locais onde estes poderiam residir. Ao fazê-lo, consideramos o passado, mas acima de tudo enfrentamos o presente-futuro desses espaços concretos e imaginados entre mares, bosques e assentamentos.
Norte Silvestre Agreste é uma exposição que percorre caminhos e linhas de intensidade, forças centrífugas que nos levam para além do Porto, rumo àquelas supostas margens onde as permutas eclodem para descobrir e partilhar as referências, histórias, palavras e ligações a esses lugares com um longo passado e um futuro ainda mais longo.
Com a participação de Alejandra Pombo Su, Cem Raios T’abram, Daniel Moreira e Rita Castro Neves, Diego Vites, Judith Adataberna, Lara e Noa Castro Lema, Lois Patiño, Mariana Barrote, Mariana Caló e Francisco Queimadela, Maruja Mallo, Óliver Laxe, Salvador Cidrás, Vicente Blanco e Von Calhau!
Curadoria de Filipa Ramos e Juan Luis Toboso.
Design: Bartlebooth
Design: Bartlebooth
Sábado, 9 de dezembro, às 16 horas
Inauguração: Norte Silvestre Agreste
Partilhamos algumas imagens do projeto expositivo que abriu no sábado passado! Norte Silvestre e Agreste reúne obras de mais de 15 artistas que materializam e mapeiam diferentes práticas: da escultura, à pintura, instalação, vídeo e desenho, o projeto apresenta ainda um programa público de performances, projeções de vídeo e visitas guiadas.
Esta foi a última exposição de 2023 da Galeria Municipal. Norte Silvestre Agreste é um projeto com curadoria de Filipa Ramos e Juan Luis Toboso que conta com a participação de Alejandra Pombo Su, Cem Raios T’abram, Daniel Moreira e Rita Castro Neves, Diego Vites, Judith Adataberna, Lara e Noa Castro Lema, Lois Patiño, Mariana Barrote, Mariana Caló e Francisco Queimadela, Maruja Mallo, Óliver Laxe, Salvador Cidrás, Vicente Blanco e Von Calhau!
Esta foi a última exposição de 2023 da Galeria Municipal. Norte Silvestre Agreste é um projeto com curadoria de Filipa Ramos e Juan Luis Toboso que conta com a participação de Alejandra Pombo Su, Cem Raios T’abram, Daniel Moreira e Rita Castro Neves, Diego Vites, Judith Adataberna, Lara e Noa Castro Lema, Lois Patiño, Mariana Barrote, Mariana Caló e Francisco Queimadela, Maruja Mallo, Óliver Laxe, Salvador Cidrás, Vicente Blanco e Von Calhau!
Para visitar até 10 de março, 2024.
Sábado, 9 de dezembro, às 17 horas
Norte Silvestre e Agreste: Performance por Mouræ (Lois Búa)
Crónica da Cabria é o título da performance de Mouræ, que se materializa através de uma colagem sonora de diversas proveniências, refletindo as ligações entre fantasia e realidade, futuro e passado, ao mesmo tempo que pondera os possíveis conflitos da sua idealização.
A partir das captações sonoras de ofícios e labores que se vão extinguindo gradualmente, remisturadas com sons do presente, Mouræ percorre a viagem inversa do peixe congro, que é seco nas Cábrias de Muxia (Galiza) e comercializado em Calatayud (Castela).
Esta sessão foi apresentada em direta relação com a instalação do artista Diego Vites, que integra esta exposição.
Sábado, 9 de dezembro, às 18 horas
Norte Silvestre e Agreste: Performance por Lara & Noa Castro Lema
"Os pássaros morrem e cantam mais uma vez em benefício da poesia. As mulheres são transmutadas em pássaros. A voz tem o poder de transformar os seres, para o bem e para o mal."
A dupla de artistas galegas Lara & Noa Castro Lema, apresentaram a performance A las aves, meu amigo centrada na tradição oral e nas lógicas de partilha de conhecimento através da história, da música e da memória. A sua pesquisa tem investigado essas práticas através da voz, cruzando as sonoridades humana e animal para pensar as possibilidades de fantasia e conexão com o mundo.
Este encontro performativo em duas vozes, debruçou-se sobre o mito do extinto Auroque e do Tetraz, em perigo de desaparecimento. O momento acompanha o filme que a dupla apresenta na exposição.
Quinta, 8 de fevereiro, às 19 horas
Norte Silvestre e Agreste: Programa de filmes – Dia 1
Lañar, 2023
Diego Vites
Película de 16mm transferida para vídeo, p/b, sem som | 3’
O congro, também chamado de safio em Portugal, é uma enguia cujo corpo, acinzentado, longo e sem escamas, pode medir mais de dois metros. Através do filme Lañar, o artista Diego Vites apresenta um breve ensaio visual que documenta a atividade de preparar, “lanhar”, o congro antes da sua secagem nas cabrias de Muxia, as últimas estruturas de secagem deste animal na costa da Galiza.
What looks at me surroundings me, 2023
Alejandra Pombo Su
Vídeo HD, cor, som | 26' 10''
"A representação dos animais baseada na identificação é aquela que promove uma relação de empatia, mas os animais cruzam-se connosco e nós convivemos com eles, o que não tem nada a ver com identificação, mas sim com a capacidade de abraçar outras formas de se relacionar com o mundo e abordar esta relação com o ser animal a partir da sua impossibilidade." —Alejandra Pombo Su
Sempre se encontra consolo, 2022
Noa e Lara Castro Lema
Video HD, cor, som | 28'50''
Os filmes de Noa e Lara Castro Lema narram fábulas, memórias, paisagens e sonhos. Em Sempre se encontra consolo, as artistas exploram a relação entre o trabalho e o descanso, o determinismo de género e as múltiplas analogias que definem as ligações humanas e não-humanas. Canções, histórias e profecias são veículos de memória, “sonhos nos quais o passado foi transformado, sublimado, reduzido e expandido em vozes, levando-nos a emoções irracionais”.
Avesso, 2011
Von Calhau!
Película de 16mm transferida para vídeo, cor, som | 19' 15''
Col. Fundação de Serralves - Museu de Arte Contemporânea, Porto. Trabalho desenvolvido no âmbito da edição de 2011 do Projeto Sonae|Serralves. Aquisição em 2012.
Von Calhau!, dupla artística constituída por Marta Ângela e João Alves, trabalham entre música, performance, instalação, artes gráficas e filme. Avesso desenrola-se num ambiente telúrico, onde duas figuras—o leopardo e a lepra—existem e se movem para além da esfera do humano e coexistem em dependência umbilical.
Na vibración da auga, 2012
Lois Patiño
Vídeo HD, cor, som | 4'
Na vibración da auga pertence ao díptico Na vibración. A outra metade, Na vibración da terra, centra-se nos movimentos e na energia libertados pela terra em zonas vulcânicas. Na vibración da auga explora o espaço de uma grande cascata, onde observamos a queda da água nas suas diferentes reacções com a luz. Partindo sempre de um olhar contemplativo e poético.
El Espectrorium, 2016-17
Judith Adataberna
Video digital, cor, som | 13'
"Um sistema floral de cores garridas e um olhar animal introduzem outro espetro visual e jogam com a variabilidade das escalas. A luz polarizada dos crustáceos, a luz ultravioleta das abelhas ou a luz térmica dos répteis servem de inspiração para questionar a veracidade com que avaliamos a realidade. Luz e sombra configuram um mundo de formas selvagens que nos quer transportar para o "outro mundo", o reino dos espectros, onde na morte, como as traças, somos atraídos pela luz." — Judith Adataberna
O futuro é das cabras, 2021
Óliver Laxe
Vídeo HD, cor, som | 30'
Óliver Laxe aproxima-nos do seu mundo mais imediato: a aldeia de Vilela, na Galiza, onde constrói o seu projeto de vida ao mesmo tempo que reflete sobre a espiritualidade, a simplicidade e o simbólico—o território onde se enraiza o futuro. O regresso ao sector primário é uma metáfora sobre como cuidar da paisagem e deixar-se cuidar por ela.
Domesticar há milénios, 2019
Mariana Caló e Francisco Queimadela
Película de 16mm transferida para vídeo, cor, som | 6'
"Uma criança amassa a massa de pão com uma suavidade elementar. Dá-se a transferência entre o alimento primário e a sua natureza alegórica. Associação entre a aparência feroz dos seres esculpidos nos capitéis de uma igreja e a sua expressão infantil. Pedra gasta sem forma e iconografia misteriosa, a semelhança entre as figuras feitas de pão e de pedra." — Mariana Caló e Francisco Queimadela
Thauma Idesthai, 2020
Mariana Barrote e Alexandre Mota
Vídeo HD, cor, som | 03'35''
Uma figura híbrida, com ocelos e extensões, habita uma narrativa entrecortada por desenhos e gestos. De corpo ocultado, ela revela a sua atividade ao desenhar, manipular objetos, acariciar, assim constrói um espaço de invenção e captura o nosso olhar pela força do mimetismo.
Sexta-feira, 9 de fevereiro, às 19 horas
Norte Silvestre e Agreste: Programa de filmes – Dia 2
Tatuado nos ollos levamos o pouso, 2022
Diana Toucedo
HD DCP 5.1, cor, som | 26'
"As marisqueiras de uma pequena aldeia do sul da Galiza esforçam-se durante cada dia de maré para semear, cavar e cuidar do limiar entre a água do mar e a areia. Este espaço de cultivo de um fruto precioso é também um espaço relacional que as une coletivamente, abrindo a possibilidade de um apoio emocional, moral, feminino, afetivo e de uma consciência de trabalho." — Diana Toucedo
Dildotectónica, 2023
Tomás Paula Marques
Película de 16 mm transferida para vídeo, cor, som | 16’
No presente, Rebeca tenta criar uma coleção de dildos de cerâmica, em alternativa aos falos arquétipos. Séculos antes, Josefa encontrara um curioso objeto que passou a fazer parte das suas relações amorosas ilícitas. Separados por séculos de história, os caminhos de Josefa e Rebeca acabam por se cruzar.
Acariño Galaico (De Barro), 1961-1995
José Val del Omar
Película de 35 mm transferida para vídeo, p/b, som | 24'
Reconstruido em 1995 pelo artista Javier Codesal a partir da montagem incompleta de José Val del Omar, Acariño Galaico (De Barro) é um dos filmes do Tríptico elemental de España, a última obra cinematográfica de José Val del Omar. Neste retrato inacabado da Galiza, o cineasta combina imagens de esculturas de barro com a documentação das paisagens, rituais religiosos e tradições culturais desta região.
Amarillo Atlántico, 2022
Carla Andrade
Película em Super 8mm transferida para vídeo, cor, som | 14'09''
"Amarillo Atlántico é o nome duma variedade única de granito da Serra da Groba, situada ao longo da costa mais meridional da Galiza—local de passagem dos caminhos de iniciação da cultura suméria. Pela sua riqueza e desconhecimento, constitui um grande livro de pedra onde se escondem sabedorias ancestrais e poderosas forças cosmo-telúricas que permaneceram no processo cultural como resíduos do rústico, resistindo à divisão ortodoxia-idolatria." — Carla Andrade
As vacas de Wisconsin, 2016
Sara Traba
Filme HD, cor, som | 16'
Numa pequena aldeia galega, uma avó vive com a sua vaca, que já não lhe dá leite. Um dia, na loja da aldeia, ouve na televisão que a Universidade de Wisconsin descobriu que as vacas dão mais leite se ouvirem música sinfónica. A partir daqui começa a aventura da avó em busca de música clássica para a sua vaca.
Sábado, 9 de março, às 18 horas
Norte Silvestre e Agreste: Performance por Alejandra Pombo Su - Toda carne
A prática artística de Alejandra Pombo Su move-se entre as artes visuais, audiovisuais e performativas. Partindo de visões e imaginários oníricos, as suas obras representam emoções e figurações imaginadas tanto quanto pessoas, animais e lugares concretos, explorando a relação entre o feminino e o animal, o natural e o sensorial, o imprevisto, o inefável e o imaginado.
Na performance que marcará o encerramento da exposição, a artista irá explorar a presença animal através da modulação, vibração e intensidade da voz, enquanto corpo que se desprende da própria pele e que se conecta a um lugar não corpóreo, aberto e indefinido.