Música entre Espécies Companheiras
Música entre Espécies Companheiras é uma série de concertos concebidos e realizados para, e com, cães, os seus companheiros humanos e outras presenças mais-do-que-humanas que se queiram juntar a estas sessões.
Inspirados no Manifesto das espécies companheiras de Donna J. Haraway e em estudos científicos sobre a inclinação dos cães para o som e a música, os concertos irão ter em conta as sensibilidades e capacidades auditivas únicas destes animais, através do conhecimento de especialistas em audição canina.
Com curadoria de Lovers & Lollypops, o ciclo de concertos, de frequência mensal, será apresentado até ao final do ano e contará com uma lista eclética de participações, em diálogo: OMNE, Gaspar Cohen & Francisco Babo, Violeta Azevedo & Ariyouok, Lendl Barcelos & Dora Vieira, Cobracoral e João Grilo & Suzana.
A nossa especialista em audição animal
Amy Bowman
Depois de estudar Ciências Veterinárias na Universidade de Glasgow, Amy Bowman concluiu o seu doutoramento com a instituição de caridade de resgate e realojamento de animais, a Scottish SPCA.
Enquanto aguardam ser realojados, os animais são mantidos em canis, ambientes intrinsecamente stressantes para gatos, cães e outros animais. Mas existem várias maneiras pelas quais podemos melhorar ou "enriquecer" o ambiente destes espaços.
A pesquisa de Amy centrou-se em explorar e quantificar os potenciais benefícios fisiológicos de reproduzir música (enriquecimento sonoro) para cães em canis. O seu estudo original descobriu que os cães ficavam menos stressados quando ouviam música clássica, mas os efeitos benéficos diminuíam após sete dias – um processo conhecido como habituação. Posteriormente, Amy analisou o efeito de diferentes géneros musicais e descobriu que os cães respondiam melhor ao "soft rock" e "reggae" e que a mudança do género da música reduzia o efeito da habituação. Por fim, analisou diferentes características musicais, como ritmo e frequência, e conseguiu fazer sugestões sobre aspetos da música que podem ser mais ou menos stressantes para os cães.
Quinta, 22 de junho, às 19h00
Música Entre Espécies Companheiras: DJ-set de OMNE
A primeira atuação deste ciclo contará com um DJ set de OMNE.
Incorporando diferentes influências, OMNE tem vindo a apresentar sessões imersivas e duracionais, de sonoridades contemplativas e psicadélicas, onde a sonoridade canina, e as suas particularidades e sensibilidades serão exploradas.
Incorporando diferentes influências, OMNE tem vindo a apresentar sessões imersivas e duracionais, de sonoridades contemplativas e psicadélicas, onde a sonoridade canina, e as suas particularidades e sensibilidades serão exploradas.
Quinta-feira, 29 de junho, às 19h00
Gaspar Cohen + Francisco Babo
Agente artístico à paisana, Francisco Babo gosta de utilizar diferentes expressões criativas não industriais – o marasmo, o insosso, o grosseiro, o pachorrento, o contraproducente –, para criar momentos de desconcentração coletiva e pensamentos divergentes. Crente na improvisação libertária, atualmente tem vindo a participar em atividades da editora Amateur, da associação PELE e de outras cenografias avulsas.
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Gaspar Cohen é artista e investigador. Como professor e performer, interroga o sistema capital-colonial que incorpora as tecnologias digitais. O seu trabalho materializa-se a partir de lógicas de conceito e espaço, abordando as movimentações ilusórias da realidade, os limites de aumento e as políticas do ruído e do erro.
Quarta-feira, 19 de julho, às 19h00
Violeta Azevedo + Ariyouok
Violeta Azevedo é artista sonora, que oscila entre a composição e a improvisação. Tendo como ponto de partida a flauta transversal, a sua música transporta-nos para um universo denso e detalhado, em que o som é transformado em organismos singulares através da sua orquestra de eletrónicas e processos alquímicos. Recorrendo tanto a harmonias distorcidas como em delicadas melodias, Violeta Azevedo convida-nos a imergir no seu mundo, simultaneamente habitado por seres cintilantes e energias tenebrosas, numa constante harmonia simbiótica.
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Nascido em Portugal e criado em Cabo Verde, Ari começou em criança a expressar-se musicalmente de forma intuitiva, experimentando beatbox e a tocar percussão. Desde 2012, que tem vindo a explorar o software Fruity Loops Studio, descobrindo uma nova forma de fundir as diferentes sonoridades que vai absorvendo. Das raízes culturais ancestrais, ao novo mundo cibernético, a sua prática é uma mescla de influências materializadas nas atuações ao vivo, com a sua loopstation e os ritmos da percussão em darbuka djambe.
Ao longo dos anos, tem colaborado em diversos projetos, como é o caso da produção musical do albúm "Meia Riba Calxa" de Tristany.
Domingo, 24 de setembro, às 18h00
Lendl Barcelos + Dora Vieira
Dora Vieira é música e artista plástica e integra diferentes projetos musicais como é o caso de Milteto, Orquestra de Sopros e Electrónica, Moto-Rotos, Amijas, Judas Triste e Bezbog. No seu trabalho musical a solo, Dora intitula-se por Moira Encantada, e destaca-se o uso de recursos como no-input mixer, trompete, percussão, rádio, feedbacks e complexos sonoros repetitivos. Esta prática converge também na sua produção visual, através de projetos experimentais de videoarte, videoclipes, desenho de cartazes e capas para edições, performances intermédia e instalações e respetivas sonoplastias.
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Artista sonoro, “katafísico” e DJ, Lendl Barcelos explora as matérias vibratórias, muitas vezes da dimensão aural, mesmo quando estas ocorrem para além dos limites humanos normativos. Ao lado de Tarek Atoui, Allison O'Daniel, Myriam Lefkowitz & Valentina Desideri, integrou o projeto Council's Infinite Ear, baseado na premissa de que a surdez constitui uma especialização em som. Os seus trabalhos têm sido apresentados na Tate Britain (Londres), Centrocentro (Madrid), Garage (Moscovo), Inkonskt (Malmo), Q-O₂ (Bruxelas), Pedreira (Porto), e foi publicado pela Urbanomic, re:press e MIT.
Quarta-feira, 8 de novembro, às 19:00
Cobracoral
Cobracoral é um projeto que entrança as vozes de Catarina Miranda (Portugal), Clélia Colonna (França) e Ece Canli (Turquia), numa espiral sonora onde cada uma contribui com a sua particularidade vocal: Miranda explora a oralidade a partir de um ângulo coreográfico; Colonna desenvolve uma pesquisa sobre as tradições polifónicas da Ásia e do Mediterrâneo; e Canli investiga práticas de voz expandida. O resultado é uma dinâmica constante de reação, adaptação, ritmo e repetição, em busca de um equilíbrio entre vozes, padrões e texturas.
Juntas, exploram o potencial da voz através de efeitos sonoros – mas também do gesto –, de forma a amplificar a experiência aural sugerida pela extensão vocal, procurando uma experiência que ultrapassa os próprios corpos. A físicalidade e energia, que também molda o som, resulta numa amálgama harmoniosa de cantos ritualísticos, ciclos oníricos e técnicas vocais contemporâneas, formando a paisagem rítmica, imagética e narrativa deste trio.
Domingo, 19 de novembro, às 18h00
João Grilo + Suzana
João Grilo é artista sonoro, performer, compositor e letrista. Interessado nas linguagens do absurdo e do espanto, procura reivindicar um tempo em extinção para a contemplação. Cocriador do projeto "HVIT" com o videasta Miguel C Tavares e compositor da ópera de câmara do libreto "Pequena História de um Povo com Memória" para o Quarteto Contratempus, tem vindo a trabalhar na criação de sonoplastia para teatro e dança. A sua vasta lista de colaborações musicais inclui nomes como Susana Santos Silva, Pedro Melo Alves, Jeff Williams, João Hasselberg, Jo David Meyer, Mynda Guevara, DJ Firmeza, Joana Castro e Hery Paz.
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Suzana Francês desde cedo revelou um interesse pela música. Aos três anos começou a tocar violino na Escola Metropolitana de Lisboa e pertenceu à orquestra “Violinhos”, onde deu o seu primeiro concerto aos quatro anos, no Centro Cultural de Belém. Após os estudos em música clássica, Suzana tem vindo a abraçar diferentes estilos e projetos musicais, como foi o caso de “Meia Riba Kalxa”, de Tristany, no qual fez parte enquanto violinista e vocalista, tendo estado em digressão nacional e internacional durante três anos. Tem vindo a apresentar o seu projeto a solo, com composições originais em violino, acompanhada por Ariyouok na sua loopstation e Célio na guitarra.