Uma viagem de comboio atravessa o continente africano, mas os passageiros não são apenas pessoas: são histórias roubadas, artefatos arrancados das suas terras e confinados em vitrines de museus europeus. Cada paragem revela sons que ecoam da ausência, cada som representa a voz das estátuas levadas, sussurros de máscaras silenciadas. O público é convidado a embarcar numa reflexão sobre a imigração afro diaspórica, os corpos deslocados e as estátuas prisioneiras de um passado colonial. Uma viagem que desafia as fronteiras do tempo-espaço, revela o peso da história em cada paragem. Os performers são os guias nesta viagem. A sua interação com a instalação "Intervalo Temporal" serve simbolicamente como uma manifestação dos artefatos roubados, dos corpos que foram obrigados a sair dos seus territórios.
Poka Terra. Poka Terra. Tchu Tchu.
Integrado no programa de ativações da obra "Intervalo Temporal".
Local: GMP, Piso 1
Participação gratuita.
Classificação etária a atribuir.
Isabél Zuaa é artista multidisciplinar nascida em Lisboa e com origens na Guiné-Bissau e em Angola. A sua pesquisa artística centra-se em dramaturgias onde as pessoas negras são protagonistas e anfitriãs das suas próprias narrativas e sobre o mapeamento de biografias invisibilizadas.
Formou-se em interpretação no Chapitô, na Escola Superior de Teatro e Cinema e na Unirio. Desde 2010, tem trabalhado em teatro, cinema, televisão e performance, desenvolvendo projetos em Portugal, no Brasil e em Itália.
Em 2019, fundou o coletivo Aurora Negra, juntamente com Cleo Diára e Nádia Yracema. O grupo estreou com Aurora Negra (2020), seguindo-se COSMOS (2022) e Missão da Missão (2023) . Criaram também o Festival KILOMBO, cuja primeira edição decorreu no Espaço Alkantara (2021) e a segunda no Teatro São Luiz (2023), em parceria com o Festival Alkantara. Isabél é cofundadora da UNA - União Negra das Artes.
Nos festivais de Cinema, em 2023 recebeu o prémio de Melhor Atriz Secundária no Cineuphoria (A Viagem de Pedro); em 2022 o Prémio Guarani de Melhor Atriz (Um Animal Amarelo); 2020 recebeu no Festival de Gramado o prémio de Melhor atriz (Um Animal Amarelo e pelo filme Deserto Estrangeiro). Foi também distinguida com menções honrosas no Los Angeles Brazilian Film Festival, e premiada em festivais como Sitges, Zinegoak e Fest Aruanda.
Mauro Hermínio é um ator português, de origem moçambicana, cuja carreira abrange teatro, cinema e televisão, aliada a um forte ativismo pela representatividade negra. Formou-se na Escola Superior de Teatro e Cinema, tendo também estudado na Escola de Actores Impetus e na Escola Superior de Tecnologias e Artes de Lisboa. Na televisão, destacou-se em produções como “A Única Mulher” (TVI) e “Vidas Opostas” (SIC). No cinema, é conhecido por filmes como Mutant Blast (2018), Frágil (2019) e Ruth (2018), de António Pinhão Botelho. No teatro, demonstrou sua versatilidade em peças como “Doce Pássaro da Juventude” (2015), de Tennessee Williams, encenada por Jorge Silva Melo, e “Imperatore 2.0” (2018), de Pedro Sousa Loureiro. Também escreveu e interpretou o monólogo “Noman” (2014). Participou na peça “Negros” com a companhia GRIOT, encenada por Rogério Carvalho, explorando a experiência de ser negro num país predominantemente branco.