Galeria Municipal do PortoGaleria Municipal do Porto

Programas
Visitas de Estúdio 👁
Com vontade de descobrir, revisitar e aproximar-se da comunidade de artistas do Porto, a GMP lança as Visitas de estúdio 👁. De modo informal e curioso, a nossa equipa visita os ateliers e espaços de criação do Porto.
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Visitas de Estúdio 👁

Dayana Lucas

Dayana Lucas, em residência nos Ateliers Municipais, foi a primeira artista visitada num encontro que nos levou a conversar sobre o trabalho atual, que cruza o desenho, a escultura, a performance e o design gráfico. Natural de Caracas, Venezuela, Dayana Lucas reside no Porto há vários anos, onde recentemente lançou a Orinoco, um projeto editorial dedicado à publicação de livros de artista, cada um com uma identidade e formato próprio.
 
O artista Uriel Orlow, que tem vindo a desenvolver o workshop "Assembleia das Plantas" com o ping!, acompanhou-nos durante a visita.
 
 
www.dayanalucas.com
www.urielorlow.net
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Visita de Estúdio 👁

Pedro Moreira

Visitamos o Sarau Studio onde trabalha Pedro Moreira, cuja prática artística explora questões de identidade. Combinando teologia, mitologia e esoterismo, Pedro Moreira cria formas e seres imaginários que emergem organicamente dos seus vídeos, instalações, performances e esculturas em cerâmica.


www.pedmoreira.com
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Svenja Tiger

Fomos ao Bonfim visitar o atelier de Svenja Tiger, artista participante na última edição do projeto Anuário.
 
Formada em figurinismo e belas artes, Svenja Tiger concebe o têxtil como uma forma de pintura em que celebra a multiplicidade dos corpos, dando forma às suas possíveis mutações.
Influenciada por fábulas, lendas populares, mitologias e ficções, a artista cruza o real e o folclore, o humano, o animal e o natural em obras em que o corpo é veículo, adorno e movimento.
 
 
 www.svenjatiger.com

Visita de Estúdio 👁

Orlando Vieira Francisco

Hoje visitamos Orlando Vieira Francisco, natural do Brasil, artista residente nos Ateliers Municipais do Porto.
 
Orlando centra-se na investigação como prática artística, explorando temas como a paisagem, o crime ambiental ou a indústria extrativa e arquivos, a partir de uma perspetiva crítica, ativista e transnacional.
 
Recentemente, esteve em residência na Bélgica com o projeto "It's already night / no light above the horizon" (Agora é noite / nenhuma luz acima do horizonte) na Samenschool, Antuérpia, com o apoio Shuttle; e no Brasil, onde iniciou a investigação "O cerne da questão", pelo projeto LARS.
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Paula Pinto

Visitamos o atelier da curadora Paula Parente Pinto, co-curadora da exposição "Que Horas são Que Horas / Uma Galeria de Histórias" que decorreu na Galeria Municipal do Porto em 2021. A sua pesquisa transdisciplinar centra-se na investigação histórica e na recuperação e ativação de arquivos.
 
Durante a nossa visita, Paula Parente Pinto mostrou-nos o trabalho que está a desenvolver em torno do espólio de performance do crítico de arte Egídio Álvaro. Os vários materiais que constituem o espólio, originalmente arquivado em Paris, foram trazidos para o Porto pela curadora, e estão agora a ser investigados, restaurados e catalogados. Serão em breve partilhados através de um programa de atividades no espaço RAMPA, um projeto desenvolvido graças a uma bolsa de apoio Criatório 2021.
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Samuel Wenceslau

“Mancha também é beleza”, ensina-nos Samuel Wenceslau. Artista originalmente de Nova Lima (Brasil) e atualmente residente no Porto, recebeu-nos na sua casa-estúdio-estufa que acolhe plantas e imagens de plantas, arquivos e cenografias, memória e descoberta, afetos e pesquisa. 
 
Durante a nossa Visita de estúdio, falámos sobre a sua relação com a botânica e descobrimos as nomenclaturas afetivo-formais que tem vindo a criar através de representações gráficas de plantas e musgos. No seu projeto “Studiolo Gráfico / Inventário Gráfico de Formas Naturais”, Samuel combina elementos da paisagem de Minas Gerais e do Norte de Portugal. 
 
Além de artista visual, Samuel é também a “Rainha da Sucata”, colecionando objetos abandonados nas ruas e integra o coletivo Kebraku.
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Alisa Heil

Fomos visitar "Tiresias Und Der Kleine Tod", a exposição/instalação da artista Alisa Heil no Espaço Mira. Partindo da mitologia grega de Tiresias, profeta cego de Apolo em Tebas, que durante sete anos foi transformado em mulher, Heil criou um ambiente imersivo e sensorial, onde os elementos materiais e as composições lumínicas, sonoras e olfativas nos envolvem, transformando a nossa experiência percetiva. A visita foi feita em conjunto com a curadora Fernanda Brenner, diretora artística da plataforma Pivô Arte e Pesquisa, em São Paulo.
 
Natural da Alemanha, Alisa Heil reside no Porto, trabalhando ocasionalmente sob o pseudónimo de Abraham Winterstein, uma conjugação dos nomes de solteira das suas duas avós. Heil interessa-se sobre a representação feminina na mitologia e cultura popular, refletindo-a através da sensorialidade dos materiais. Desde 2017 gere a programação do espaço de arte independente Kunsthalle Freeport, no Centro Comercial Stop.

 
www.alisaheil.net
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Joana da Conceição

Camélias psicadélicas, ecos feministas da Antiguidade Clássica, mãos do Yoda com manicure, geometria delirante — estes são alguns dos fragmentos da obra multifacetada da artista Joana da Conceição.
 
Natural do Porto e a residir atualmente em Lisboa, após um periodo de residência em Nova Iorque, a artista tem uma prática sincrética, sendo também fundadora, com André Abel, dos Tropa Macaca, um dos duos musicais mais ativos no país.
 
Durante a nossa visita ao seu estúdio, numa antiga e pitoresca associação cultural em Lisboa, conversamos sobre o seu amor pelas formas e imaginários da pré-história, a sua relação entre imagens e sons, e a sua mais recente exposição, no Quérela, onde criou um ambiente intimista e cenográfico com pinturas e sons, que também visitamos.
https://joanadaconceicao.com/
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Mariana Vilanova

Como pode a tecnologia tornar-se uma extensão do corpo e da memória? — Talvez seja esta uma das maiores questões que Mariana Vilanova aborda no seu trabalho.
 
Numa viagem digital pelos processos de simulação e reconstrução de imagens, a artista fala-nos sobre as manipulações da memória humana e artificial em peças como “Evoking a Simulated Past”, mas também das premissas do Cosmismo russo, com as quais trabalhou para a sua última exposição “Before and After Us”, no espaço Rampa.
 
A residir no Porto, Mariana Vilanova tem vindo a explorar um diálogo permanente entre espaço e tempo, refletindo sobre o impacto do digital na apreensão de informação e numa produção de imagens que fundem a representação do visível com a poética da escala.
 
www.marianavilanova.com

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Clarice Cunha

Monumentos descartáveis, desdobramentos materiais e diálogos paradoxais, são alguns dos imaginários trabalhados pela artista Clarice Cunha. Natural de São Paulo, Brasil, vive no Porto desde 2019, onde articula, através de uma linguagem híbrida, a sua formação em Arquitetura e Urbanismo e o Mestrado em Artes Plásticas.
 
A partir de observações sobre o território urbano, a formação da paisagem e a materialidade das cidades, Clarice reflete sobre a presença humana e o modo como a sua intensa atividade tem alterado e explorado profundamente os ambientes urbanos e naturais.
 
De um processo de investigação marcado pela recolha e catalogação intensiva, resultam esculturas, instalações e cenografias, que nos remetem para um jogo metalinguístico sobre a falência do mundo, articulada de forma lúdica e simultaneamente crítica.
 
Em 2021, participou no projeto Anuário com a obra “Sondagem”, sendo o seu último projeto “Fábulas sobre a fauna urbana: sala de estar para gatos errantes", uma intervenção para a plataforma Entre Montra, no edifício Parnaso, Porto.


 
www.claricecunha.com.br

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Thais de Menezes

Cor, palavras de ordem e Samba — assim é o atelier no Porto da artista Thais de Menezes.
 
A sua obra cresce em paralelo com a investigação histórica e plástica que desenvolve no Mestrado em História da Arte, na FCSH-Universidade Nova de Lisboa, em torno das diferentes dinâmicas da “construção do outro”. A partir das peças "Cabeça de preto", de Soares dos Reis, Thais questiona as narrativas hegemónicas da história da arte nas quais pessoas e corpos negros são capturados como categorias iconográficas.
 
A abordagem crítica e necessária de Thais cruza leituras interseccionais, feministas e descoloniais, propondo novas configurações e experiências. É o caso das suas pinturas "ORÍ de Preto"—sendo “ORÍ” um prefixo Iorubá que significa cabeça—com as quais contrapõe e desafia as representações negras, em contraste com a branquitude imposta ao longo da história.
 

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Gata da Mata

Fomos ao encontro das Gata da Mata, um projeto de conhecimento e partilha sobre comida e territórios, que nasce do fascínio de Aija Repsa e Elīna Štoļde pela natureza e culinária.
 
Ao longo de vários anos, as duas cozinheiras “de formação e coração” foram acumulando saberes e partilhando experiências sobre plantas silvestres, cogumelos e bactérias.
 
Vindas da Letónia há cerca de 10 anos, foi nas praias do Norte que iniciaram uma nova investigação e recolha de algas atlânticas. Gata da Mata organiza percursos em horas de maré baixa, workshops de fermentação e publicações regulares sobre espécies vegetais, e têm vindo a estabelecer redes com a comunidade, através de projetos “faça-você-mesmo”, enraizados na vontade de mudar comportamentos de vida e hábitos alimentares, fomentando a ligação entre comunidade e biodiversidade.
 

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Paralaxe

Do estudo dos planetas, à sismologia ou meteorologia, o núcleo de investigação PARALAXE explora os lugares alheios à prática artística, incentivando artistas a ocupar e repensar estes espaços.
 
Fomos ao encontro da Carolina Grilo Santos, Diana Geiroto e Luisa Abreu, que criaram o Paralaxe em 2019, contando já com uma segunda edição. A primeira, ocupou o Instituto Geofísico da Universidade do Porto, estando o segundo ciclo a decorrer no Observatório Astronómico Prof. Manuel de Barros, em Gaia.
 
Entre o Círculo Meridiano de Espelho e o Grande Telescópio, os artistas tornaram o território e o equipamento científico num laboratório cruzado que abrirá portas já no próximo dia 7 de maio às 17h00, com uma exposição dos trabalhos desenvolvidos em residência por Beatriz Sarmento, Bruno Silva, Carlos Mensil, Ece Canli, H0b0, Joana Ribeiro e Juliana Campos.

 
www.paralaxe.space

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Tales Frey

Fomos ao atelier de Tales Frey no espaço Túnel, uma antiga gráfica em Campanhã, convertida num estúdio partilhado entre artistas.
 
A viver no Porto desde 2008, Frey recorre à performance como principal meio de expressão plástica e discursiva, cruzando o vídeo, a escultura ou a escrita. Alguns dos seus trabalhos mais recentes, como a performance colaborativa “Veste Única”, exploram sínteses estéticas sobre a noção de viver em coletivo, refletindo nas possibilidades de construção de um corpo comum. Tem vindo a explorar novos desafios conceptuais e estéticos, incluindo na sua produção artística uma dimensão documental, gráfica e sígnica.
 
É representado pela Galeria Verve, em São Paulo e pela Shame, em Bruxelas, e até ao dia 7 de maio, podemos visitar a sua exposição ”Indexxx” na Galeria Ocupa, no Porto.
http://ciaexcessos.com.br/tales-frey/

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Letícia Maia

Qual a relação entre corpo, poder e performance? Esta questão tornou-se central no trabalho de Letícia Maia, artista que reside em Portugal desde 2019 e que articula a sua formação em “Artes do Corpo”, em São Paulo, com o projeto de mestrado em Artes Plásticas, pela FBAUP, no Porto.
 
É através da performance, mas também da fotografia, vídeo e objetos, que a artista explora “o corpo como problema”. Cruza exercícios e coreografias, desdobrando conceitos teóricos como o de “corpos-dóceis”, para questionar a construção social do corpo.
 
Das ações de Letícia disparam poéticas que nos desafiam a repensar o mundo e as suas normas. Talvez, até, “aprender a desobedecer”.

 
www.cargocollective.com/leticiamaia

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Cristina Mateus

Cristina Mateus  foi, durante muito tempo, uma artista-mulher num grupo maioritariamente feito de artistas-homens. É nessa altura que se aproxima da multimédia, atraída pelas exigências tecnológicas que a multidisciplinaridade desta linguagem artística impunha nos anos 90. O cinema de Kiarostami, de Agnés Varda e de Pedro Costa levam-na a perceber que o trabalho se faz fora do atelier, muitas vezes na estrada, a conduzir, ou no registo de uma caminhada. 
A rotina da investigação foi fundamental para perceber “que a noite é construtora e que o dia é de acumulação”. E é neste ciclo que os trabalhos são fotografias do equipamento que usa para recolher imagens, como as máquinas de filmar, e da escrita para o doutoramento, como o ecrã do computador. 
 
—"O trabalho artístico não está nos sítios onde se espera que esteja.”, diz-nos
 
Além de artista, Cristina Mateus é também professora na FBAUP. Aí, centra-se nos processos de criação de significados e sentidos, trabalhando na criação de uma escola de artes mais “leve”, adaptada a questões como a neurodiversidade e inclusão. 

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Ruben Santiago

Esta semana visitámos o atelier do artista Ruben Santiago. Originário de Lugo, Galiza, e residente no Porto, Ruben Santiago interessa-se pela relação entre a alquimia e o simbolismo. 
Durante a nossa visita, contou-nos como tem vindo a materializar a transmutação cíclica da vida, criando obras em que as tradições simbólicas e conceptuais se intersectam num mundo antropogénico.
Nesta imagem vemos uma das 60 sementes de Baobá que utilizou na obra “Not what is cracked up to be”, em que homenageia as tradições pictóricas das comunidades de aborígenes australianos com as quais conviveu.

 
www.rubensantiago.net
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Tânia Dinis

Fomos ao atelier-casa de Tânia Dinis, não fosse a sua prática artística tão intimamente ligada à escala do doméstico, cruzando as memórias fotográficas e fílmicas da família, num universo diarístico que se revela a si próprio. 
 
A sua formação em Estudos Teatrais, na ESMAE, e um mestrado em Práticas Artísticas Contemporâneas, na FBAUP, conduziu o seu trabalho para as possibilidades do cinema, jogando com o movimento do filme, a estática da fotografia e os dispositivos de projeção. O material analógico, em diálogo com o passado, auxilia as perspetivas de memória e ficção, criando narrativas onde o tempo assume um papel preponderante.
 
Nas palavras da artista — “interessa-me o que não estás a ver, o que se pode construir e ficcionar a partir da imagem” — e é por entre as camadas, os planos sobrepostos e as lentes óticas que a história se escreve, ressignifica e transforma.  
www.taniasofiadinis.wixsite.com/tania

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Vera Mota

Vera Mota é artista residente nos Ateliers Municipais do Porto.
 
Para além da formação em Belas Artes pela FBAUP, a dança contemporânea tem acompanhado o percurso de Vera Mota, informando e expandindo a sua prática. A "consciência performática do fazer" sublinha a relação íntima que explora com os materiais num jogo organizado de ritmos, conceitos e escalas onde o corpo delibera e por vezes se materializa.
 
A artista pensa o espaço expositivo e a relação entre as obras como uma coreografia dedicada, onde cada volume integra uma síntese de movimentos, muitas vezes corporizados em desenho.
www.veramota.com

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Pedra no Rim

Fomos ao Bonfim visitar Pedra no Rim, um atelier de cerâmica criado por Fabrizio Matos e Israel Pimenta.
 
Através de um mapeamento político, social e emocional do bairro, esta dupla de artistas recolhe objetos abandonados e inusitados das ruas, cartografando cada local e registando cada pormenor.
Dos sapatos, naperons e perucas perdidas, aos ratos, gatos e pombos atacados por gaivotas, cabe ao barro eternizá-los, reproduzindo um atlas de memórias e mitologias urbanas, vivências e vícios locais.
 
O nome "Pedra No Rim" deixa antever a mistura entre o humor e o bizarro, num processo de criação autodidata onde a estratégia política emerge na produção e venda de cada peça. É o caso da série "Sapo Anti-Racista", fabricado em igual quantidade ao número total de votantes de extrema-direita na freguesia do Bonfim, revertendo parte da sua receita para a organização SOS Racismo.

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Saber Fazer

Saber Fazer foi fundado em 2011 por Alice Bernardo, como um lugar oficinal e de criação que estimula, mal se entra, os sentidos: o cheiro das flores do linho, a textura das lãs resultantes da tosquia, ou as cores dos frascos com plantas tintureiras.
 
Apelando à disseminação de conhecimento sobre cada matéria-prima ou ferramenta, tudo integra um repositório maior que vai do levantamento ao registo, da coleta à produção. A partir de três ofícios principais—Lã, Seda e Linho—abordam-se questões estéticas e práticas de sustentabilidade económica, ambiental e social, numa plataforma de partilha entre aprendizes, artesãos e profissionais nas áreas de tinturaria natural, tecelagem, feltragem, cestaria e tapeçaria.
 
Saber Fazer tem lugar na Rua da Aliança 112-114, Porto e está aberta a todos que pretendam frequentar cursos e comprar matéria-prima ou ferramentas.

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Rita Castro Neves e Daniel Moreira

Dois artistas com percursos separados, Rita Castro Neves e Daniel Moreira, encontram-se em 2015 para formar um caminho comum que percorre múltiplas práticas como a fotografia, o desenho, o vídeo ou a performance. Traçam no território caminhos de pé posto, seguem os chocalhos dos animais, ouvem as histórias dos pastores, pernoitam em cortelhos, registam e recolhem elementos da paisagem: “de tanto observar, ouvir e desenhar somos como o transformismo dos humanos em animais e vegetação”.
 
Em 2022 criaram o espaço NEBLINA, no Porto, um espaço oficinal que também é de mostra pontual de exposições. Um pouco antes, em 2020, recuperaram a Escola da Macieira, nas montanhas de São Pedro do Sul, tornando-o um espaço casa-atelier onde recebem artistas para um projeto de residências focado nas questões do território, da natureza e do rural, na preservação ambiental e ecológica.

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José Almeida Pereira

Na visita ao ateliê do José Almeida Pereira (Guimarães, 1979), localizado numa antiga galeria comercial no centro do Porto, somos imediatamente confrontados com um processo de criação imparável, mas lento, organizado espacialmente por infinitas camadas de pintura.
 
A sua prática revela uma obsessão pela apropriação de imagens, em particular as que reproduzem as grandes obras da História da Arte Occidental, às quais facilmente reconhecemos a autoria e localização nos grandes museus europeus. É a partir daí que o artista provoca e desafia as propriedades auráticas das grandes composições, recorrendo a distorções, fragmentações e anamorfoses, complementadas por processos tecnológicos de filtragem da imagem, traduzindo-se num estranhamento que inquieta a visão.
 
Contrariamente aos referentes utilizados, a pintura afirma-se aqui como um exercício de metalinguagem, onde tudo fica por dizer, por contestar, por resolver.

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Matias Romano Aleman

Pinturas a óleo sobre papel, madeira e em caixas de fósforos, objetos empilhados, entre eles um corpo de vidro, cadernos, desenhos e papéis com notas escritas: estes são alguns dos fragmentos que compõem o cosmos caótico que define o atelier de Matias Romano Aleman.
 
Natural de Buenos Aires, vive no Porto desde 2020. Como um respigador, é nas ruas da cidade e nos objetos que encontra que busca inspiração para o seu trabalho, cruzando as memórias dos outros com as suas, aliadas à música que ouve e aos livros que lê. As peças que cria, sejam elas planas ou tridimensionais, revelam uma inquietação imanente e excêntrica, resultando em obras que têm tanto de real quanto de fantasia.
 
Paralelamente, criou a plataforma "Archivo de Listas Notas y Dibujos DE La Calle" (instagram: @archivodelistasnotasydibujos), onde partilha algumas das notas, listas, desenhos e cadernos que encontra, resultando num arquivo orgânico de mensagens anónimas, mas mundanas, em permanente crescimento.

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Jiôn Kiim

Jiôn Kiim nasceu em Busan, na Coreia do Sul. Depois de passar por escolas de artes e residências em Dresden e Estugarda, na Alemanha, instalou-se no Porto há cinco anos.
 
O dia-a-dia é passado no Clube de Desenho, um atelier partilhado com outros artistas, que é também um espaço de exposição. A pintura e o desenho confluem naturalmente, recorrendo a pigmentos naturais, materializado à escala dos blocos de notas e cadernos diários, ou pela do chão e das paredes.
 
Os suportes vão do papel antigo e manchado, comprado em resmas, às réguas de soalho em madeira, que se tornam séries “que desafiam os antípodas do controlo, da disciplina, da ordem” e se vão tornando em biombos e fronteiras verticais no espaço do atelier. Enquanto espectadores, tentamos reconhecer símbolos e signos, mas a ambiguidade que advém desses gestos coíbe a interpretação, devolvendo-nos o caráter mais real da pintura.
 
 
 

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Landra

Landra, bolota, boleta. Filha do carvalho, da azinheira, do sobreiro. Resistente à industrialização, à globalização e à chamada modernização da agricultura, a landra manteve-se autónoma, alimentando outros animais que não os humanos e não sofrendo imposições genéticas.

Landra é também o nome que Sara Rodrigues e Rodrigo Camacho deram ao seu percurso de vida e de arte, feito na companhia das muitas formas de vida que os desafiam e ensinam a viver de modo harmónico, complexo e equilibrado com o mundo natural. 
 
Durante a nossa visita ao território onde vivem e trabalham, falámos de plantas, microorganismos e animais, de seca e caça, e imaginámos o contributo que a prática e metodologias da arte podem dar à criação de um modo de viver diferente. 

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Rita Senra

Ao entrarmos no atelier da Rita Senra, sente-se o cheiro da tinta e das cascas de laranja que se espalham na mesa de trabalho. Entre os papéis coloridos, uns com listas e dobras, encontram-se os desbotados, marcados pelos anos. É nessa intermitência, a da passagem do tempo, que a sua prática se move, aceitando-o como é: necessário e sem bússola, sem prazo e sem a urgência da indústria ou do capital.
 
Prefere as matérias que parecem não ter mais lugar nos dias de hoje, seja pela sua aparente fragilidade ou falta de robustez: guardanapos, papéis esquecidos em papelarias já fechadas, sacos que já não têm uso, cascas de fruto. Dá-lhes, no seu devido tempo, a força e o caráter do material mais forte, mas não menos sensível, através de camadas de tinta em ritmos marcados, remates e suturas. Lembra o labor da costureira, que passa horas a cerzir, em compassos, mas sem o relógio no pulso.
 
Rita Senra é natural de Barcelos e mudou-se para o Porto, onde estudou pintura na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto. Faz parte do Sismógrafo e participou recentemente no curso de Artes Visuais promovido pela Fundação Luso-Americana, no Arquipélago-Centro de Artes Contemporâneas, nos Açores.
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Teresa Arêde

A prática de Teresa Arêde  desenrola-se a partir de duas linhas: a das ferramentas das artes—como o desenho, a fotografia, a gravura ou a escultura—e a da potência da voz, instintiva e singular, marcada pelo estudo musical clássico.
 
Um sem fim de imagens habitam o seu espaço de trabalho. Interessa-lhe repensar plasticamente o artifício de óperas barrocas como as de Händel ou Monteverdi e também de outros períodos, posteriores e anteriores, investigando as múltiplas leituras da história.
 
Conta-nos como a voz é matéria que se molda em diferentes formas, funcionando como "coluna vertebral para tudo o resto". Ainda que o canto acompanhe a humanidade, cabe à imaginação conceber o que não foi registado, escrito, nas paredes da Pré-história. E é no cruzamento com o que não se sabe que surgem as suas múltiplas ficções, conjeturas e arqueologias alternativas, exploradas em vídeo, áudio ou em cacos de barro e gesso.
 
Teresa Arêde estudou arte na Faculdade de Belas Artes da U. do Porto e no Royal College of Art e Canto Lírico na Guildhall School of Music & Drama.

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João Pedro Trindade

 A escala do atelier de João Pedro Trindade  é a da cidade. Lá fora o campo de estímulos é tão maior, quase infinito, que o estúdio entre quatro paredes é onde se limam arestas e se testam e armazenam materiais. Como um íman, é atraído pelos pormenores mais impercetíveis das ruas, que só o olhar treinado antevê como campo de possibilidades.
 
Estudou pintura na FBAUP mas cedo concluiu que um só meio não seria suficiente. Também usa o cartão prensado, o gesso, o alumínio, o serrim. Trabalha em séries. Recolhe tapetes e passadeiras vermelhas das ruas e apresenta-as com a mesma dignidade de uma pintura. Resgata os papéis de alumínio descartados, de bombons, e grava neles o que o olho vê, mas não dá conta: grandes áreas de chão, de parede, pequenos detalhes, ou um qualquer objeto, todos eles prensados pela força do martelo.
 
João Pedro Trindade tem vindo a colaborar em projetos de divulgação cultural como a Painel, a Nartece e Sismógrafo, onde recentemente apresentou a exposição “Under the Rug”.

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Gui Flor

Gui Flor descreve-se como uma artista “à procura de uma existência com o menor impacto no planeta e o maior impacto nas pessoas”, e assim o foi durante a nossa visita de estúdio, onde descobrimos, ao ritmo de uma longa conversa de fim de tarde, o seu profundo conhecimento de odores e sabores, texturas e temporalidades, sons e manifestações poéticas. 
 
O seu projeto “exercícios de florescimento”, vencedor do apoio do Criatório deste ano, entrecruza a ecossexualidade, a transfeminilidade e as relações de afeto através de uma exploração tanto pessoal e íntima, como profundamente atenta às questões vitais do presente, como as políticas de afeto, a consolidação das identidades de género e a necessidade de viver de modo harmónico e sustentável com o planeta. 
 

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Elvira Leite

Elvira Leite estudou pintura na FBAUP. Desde os anos 1960 que luta pela mudança de um país, na altura pobre e analfabeto, acreditando que a escola deveria ser complementada por práticas criativas e próximas da Arte.
 
Nos primeiros anos que seguiram a revolução de 1974, acompanhou os processos que promoviam melhores condições de vida e habitação, como o SAAL, concretizando projetos de desenvolvimento criativo no Bairro da Sé, no Porto. "Quem te ensinou? — Ninguém", é o nome da exposição que revisita o projeto e que está, também, publicada pela Pierrot Le Fou.
 
Nos anos 1990, integrou os primeiros serviços educativos de museus como o do MNSR e o da Fundação de Serralves. Escreveu, em co-autoria, livros sobre ensino artístico e também livros-jogo para crianças, famílias e escolas.
 
Hoje em dia, a sua energia contagiante e vontade em partilhar permanecem intactas. Ainda há muito para fazer e ensinar. "Nunca dei duas aulas iguais e, no entanto, as matérias eram as mesmas ao longo de muitos anos!".
 

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Oficina Mescla

Em 2019, a Alexandra Rafael e o Tomás Dias tinham o mesmo sonho, o de criar uma oficina de gravura no Porto. É assim que surge a Mescla, fruto da troca de saberes e experiências entre gerações diferentes, mas com a mesma vontade de fazer e explorar mais.
 
Encontraram o espaço ideal no centro da baixa portuense. Conscientes do património industrial, reativam máquinas centenárias, não fossem as técnicas de impressão acompanhando a história há séculos. E como o saber não ocupa lugar, aqui se aprendem os mais diversos processos: da serigrafia, à calcografia, passando pela litografia, a xilogravura ou a linogravura. É bem-vindo quem queira experimentar, ou somente quem precise de espaço para pôr em prática os seus projetos. 

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Odair Monteiro

É entre negativos fotográficos, reveladores e sais de prata que encontramos grande parte da prática fotográfica de Odair Monteiro.
 
Nasceu em Cabo Verde e foi em Lisboa que estudou Ilustração e Fotografia. Mudou-se para o Porto há 7 anos e é em Campanhã, na encosta de Nova Sintra, que montou o seu estúdio de realização e de impressão. Ao longo dos anos, tem vindo a integrar diferentes projetos, como o Coletivo GMURDA, que tem vindo a explorar a performance, o som e o vídeo, e que apresentou a exposição “Trabalho Nenhum”, no espaço Rampa, em 2021. 
 
Fotografa, e por vezes filma, estruturas arquitetónicas devolutas, ou ruínas industriais, mas não só. Interessa-lhe uma espécie de intermitência no quotidiano da vida, sem ter de procurar um propósito para tal, ou até uma razão poética ou política para justificar o que vai criando. 
 

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A Piscina

Nas últimas décadas, a cultura urbana do Porto tem demonstrado a força e vontade para se ativarem espaços que vão ficando esquecidos na cidade. Já se fizeram exposições em quartéis devolutos ou debates em antigas salas de bilhar. Recentemente, um outro lugar improvável, uma piscina. Construída nos anos 30, foi esvaziada da sua função há alguns anos e, de novo, cheia com uma nova programação.
 
Em plena pandemia, quatro amigas ligadas à dança, ao teatro, e à produção de projetos com a comunidade, resolvem levar avante a ideia de criar A Piscina. Carolina, Eduarda, Lea e Maria Inês apresentam uma agenda com aulas de dança contemporânea e movimento para atores; workshops para famílias, yoga e escrita criativa. Em breve querem criar o primeiro espaço de trabalho para coreógrafos e performers.
 
A convocatória está lançada: “não se levem demasiado a sério, saiam da zona de conforto e tomem consciência da fisicalidade, da energia e do movimento dos vossos corpos”.

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Colectivo Bergado

No cruzamento de duas realidades criativas distintas – as artes visuais e a música – surgiu em 2016 o Colectivo Bergado, que tem focado boa parte do seu trabalho nas áreas da pintura e performance musical, com diferentes influências e vertentes. Uma delas é o projeto musical Terebentina que, tal como a palavra original, dilui barreiras entre elementos e matérias. Aqui, mistura-se o som com a paisagem do Porto e o trabalho de artistas exteriores à cidade.
 
Visitámos o atelier de Guilherme Oliveira, vocalista do grupo, onde ficámos a conhecer o trabalho e projetos futuros do Bergado, assim como o processo de criação do seu primeiro álbum de estúdio, "Um palmo acima do chão". Gravado no CCOP, o álbum conta com a colaboração do músico neozelandês Michael Morley, membro dos The Dead C, e produção de Jorge Queijo e Francisco Oliveira.
 
O Bergado criou ainda a editora online Berga Malhas, que reúne o eclético repertório sonoro do Colectivo.
 

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Pisitakun Kuantalaeng

Fomos ao A Leste e conversamos com Pisitakun Kuantalaeng, artista tailandês que vive atualmente no Porto.
 
A sua prática situa-se numa estreita relação entre as artes visuais e a música, recusando padrões ou sistemas de classificação pré-estabelecidos. A consciência crítica do que o rodeia, intensamente ligada aos acontecimentos históricos e políticos do seu país e, por extensão, ao atual retrocesso global dos sistemas democráticos, materializam-se nas mais variadas formas: dos sintetizadores a murais em azulejos, cruzam-se imaginários atentos ao quotidiano, abrindo espaço para a especulação, para a disrupção e para o questionamento. 
 
Em 2021 Pisitakun participou no programa InResidence, dos Colectivos Pláka, no espaço da Rua do Sol.

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Fernando P Ferreira

Visitámos o atelier de c, arquiteto e investigador que tem vindo a cruzar o pensamento urbanístico e a arte, através de práticas sociais, da escrita e colaborações várias.
 
Fernando tem trabalhado sobre uma fábrica têxtil centenária em Pevidém, Guimarães, tentando compreender a evolução de um complexo industrial marcado pela arquitetura e a política modernas e o seu impacto na vida das operárias que nele trabalhavam. Identificando espaços destruídos e reconstruídos, espaços comuns, limitados ou interditos, imagina as vidas que por lá passaram a partir das salas e dos aparelhos de trabalho.
 
Colaborando com tecedeiras e artistas, o arquiteto revela as suturas e os rasgos que as malhas industriais apresentam. Fala-nos em “desbordar” como forma de apagar, desenhando, os mapas destes lugares, que muitas vezes escondem as vicissitudes da hierarquia.

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Joana Magalhães

Fomos conhecer a prática de criação da artista e performer Joana Magalhães, que tem trabalhado como encenadora e intérprete na área do teatro e das artes performativas e, mais recentemente, tem vindo a intersectar a sua prática com as artes plásticas. Através da colaboração com artistas e pensadores, a sua pesquisa aborda os conceitos de princípio e de fim na literatura, na oralidade, na mitologia e nas fantasmagorias. 
 
Um dos projetos vencedores do Criatório 2021 pode agora ser visitado na Culturgest do Porto, numa exposição que é uma reunião de muitas leituras, de ensaios e de referências como que abandonados em palco no final de uma peça de teatro. A força lúdica do conjunto permite que nos apoderemos de tudo o que lá está. Será uma miragem? 
 

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Carlos Pinheiro

Carlos Pinheiro começou com a escultura. Na FBAUP aprendeu as ferramentas para esculpir corpos e criar cenários para teatro. Recentemente, iniciou-se na pintura com uma série centrada numa figura ficionada, maléfica, que vê o mundo sem sair do seu lugar. Este "preconceituoso total", como nos conta, sofre diversas justiças poéticas num mundo criado e imaginado por si mesmo.
 
Carlos é um contador de histórias. Prefere o óleo, porque no dia seguinte “a tinta ainda mexe” e volta sempre à escultura para “alterar tudo”. Os corpos humanos-bichos que imagina se materializam-se tanto na superfície plana como em camadas de pasta de papel e madeira.

Prepara-se para apresentar, em dezembro, uma exposição no Clube de Desenho, no espaço da Rua da Alegria.
 

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Aura da Fonseca

Para Aura da Fonseca, o movimento lento atua enquanto ação transformadora. 
 
Artista visual e performer, tem vindo a explorar questões de identidade e sustentabilidade, através de uma cuidada reflexão sobre si mesma e sobre o mundo. Do movimento, à cenografia e ao som, passando pela escolha criteriosa da indumentária, as suas apresentações resultam em profundas experiências sensoriais. É o caso da performance 7≈8, apresentada em outubro na mala voadora, e que transportou o espectador para um universo imersivo, onde os mais simples atos revelavam a potência e complexidade do gesto.
 
Aura completou um mestrado em Performance Making pela Goldsmiths, em Londres, e tem vindo a colaborar com artistas como Alessandro Bosetti, em Serralves, ou com Raimund Hoghe, numa das suas últimas apresentações no Teatro Rivoli, entre outros. 

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José Vale

Visitamos o estúdio de José Vale, um artista de música experimental e improvisada. Como guitarrista, explora técnicas estendidas, feedbacks e sons processados, para viajar pela música psicadélica e noise.

José Vale é co-fundador da editora DIY CARA PODRE, criador e compositor da banda Lucifer Pool Party, e toca como side-man em projetos como Unsafe Space Garden e Davide Lobão.

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Gil Delindro

O deserto do Sahara, as paisagens brancas da Sibéria ou o Vietnam Rural, são alguns dos lugares que Gil Delindro  percorreu como parte integrante da sua prática artística, que se tem debruçado sobre questões de ecologia, geologia e antropologia. Materializados em peças escultóricas e sonoras, condensam os efeitos arbitrários do tempo, da erosão e das condições atmosféricas.
 
Apresentou no Espaço MIRA  o projeto expositivo "Marégrafo", um dos projetos apoiados pela bolsa de apoio do Criatório de 2021. Ao longo de sete meses, captou e monitorizou o fluxo e refluxo das marés no Marégrafo da Cantareira e Barra do Douro, resultando em obras que sublinham a história do mar e da tentativa de dominar e compreender um território que suscita medo e simultaneamente admiração.

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dose

Criada em 2018 por um grupo de estudantes da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, a dose  é um projeto expositivo em formato de publicação impressa e online onde cada número conta com a contribuição de 12 artistas. 
Com uma tiragem semestral, a dose propõe criar um espaço para a arte, e não sobre arte, valorizando a criação enquanto experiência sensível, para além do raciocínio teórico. Sem premissas conceptuais, cada edição nasce da vontade de fazer de cada artista onde a cor atua como elemento unificador. Contam-se já nove.
 
Nos últimos anos, o coletivo atualmente composto por Maria Miguel Von Hafe, Mariana Rebola e Margarida Oliveira tem evoluído para novas experiências, cruzando o trabalho editorial e a curadoria de exposições. O lançamento da revista dose nr. 09 foi no passado dia 19, no estúdio PADA, no Barreiro.

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Rebecca Moradalizadeh

Rebecca Moradalizadeh diz ter múltiplas identidades: “mulher-portuguesa-iraniana-artista-performer-cozinheira”. 
 
No constante cruzamento destas diversas facetas, para além da sua prática artística, desenvolve projetos educativos e de curadoria, muitos deles em colaboração, como é o caso do PING!, o projeto educativo da GMP. Tem também desempenhado um papel ativo nas lutas civis pelos direitos da mulher que se fazem ouvir no Irão e que se refletem numa comunidade de emigrantes em Portugal. 
 
Através do seu projeto artístico, mantém uma relação com a família paterna que vive em Kerman na construção de um arquivo que se faz de memórias, de paladares, de álbuns e de aprendizagens, como o bordado, a gastronomia, ou a escrita persa.
 
No passado dia 25 de novembro, no espaço Rampa, Rebecca Moradalizadeh inaugurou “Behind the Veil”, uma exposição que cruza estes universos e os coloca em diálogo com o contemporâneo, demarcando e refletindo sobre as tensões entre o ocidente e oriente.

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Cru Encarnação

Transitando pelos campos da performance e da escrita, Cru Encarnação trabalha na construção de imaginários ficcionais e especulativos para questionar a fragilidade do real. Com base nos seus estudos em Fenomenologia e Filosofia Feminista da Ciência, na Freie Universität de Berlin, Cru propõe uma análise da gestualidade do corpo, a manipulação dos objetos e a perceção sensorial dos materiais e os seus múltiplos significados. 
 
Esta a investigação que Cru tem vindo a desenvolver numa residência no espaço da Pedreira, culminou na performance "The back of Five", apresentada no festival "The Shape of a Circle in the Dream of a Fish".

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A Pele

A visita ao coletivo Pele levou a equipa da GMP até Azevedo, em Campanhã, onde se sobrepõem e rasgam geografias urbanas e rurais: as vias rápidas com o rio Torto, o casario com o bairro, o supermercado com a horta.
 
É a partir dessa complexidade territorial e social que o coletivo representado por Carina Moutinho, Fernando Almeida e Rodrigo Malvar partilham os últimos anos de trabalho e a necessidade em procurar um tempo e um lugar diferente. Recuperaram uma antiga adega e construíram, de raiz, outras estruturas que dão um novo uso às leiras, como um palco, um abrigo-arquivo e uma sombra, propondo estabelecer o diálogo entre as comunidades residentes (humanas e mais-que-humanas) e criadores nacionais e internacionais. 
 
Juntos, têm vindo a estabelecer afetividades com diferentes gerações, a despertar mudanças para um espírito mais crítico, a privilegiar o acesso à educação e cultura e a promover uma criação artística de pensamento mais sustentável.

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Ivana Sehic

Ivana Sehic cresceu na Croácia, formou-se em arquitetura e artes performativas em Londres e vive no Porto, onde o desenho e a construção de cenografias são uma parte importante do seu trabalho.
 
O seu dia-a-dia é passado no Atelier Caldeiras, onde ensaia em maquetas as suas instalações espaciais, recorrendo a materiais “de ciclo infinito” como o barro, o gesso ou os tecidos.
O corpo, tanto o seu como os das pessoas com quem colabora, faz parte da sua investigação académica, à qual chamou "Deviated Rituals". É na performance, no teatro e na música que Ivana explora a capacidade ritualística e transformadora da prática artística no âmbito de temas tão duros quanto humanos, como o luto, a perda ou a doença.

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Nara Rosetto

Fomos visitar o atelier de Nara Rosetto, artista natural do Brasil a residir no Porto, onde desenvolve o seu projeto de mestrado “Diário Invisível”, na Faculdade de Belas Artes do Porto. 
 
Assumidamente autorreferencial, o seu trabalho parte do diagnóstico de uma doença autoimune cujo principal sintoma é a dor crónica, vivência a partir da qual explora temáticas como a vulnerabilidade, a invisibilidade e os diferentes tipos de dor associados ao corpo. 
 
O seu processo criativo, baseado na acumulação de objetos diversos e na escrita diarística, remete para uma temporalidade particular também presente nos suportes e técnicas que utiliza, como os têxteis (bordado, croché), a fotografia, o vídeo e a performance.

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Dalila Gonçalves

No atelier de Dalila Gonçalves reconhecemos um espaço de trabalho onde, de forma totalmente livre, se ativam múltiplas relações entre objetos, matérias e formas. 
 
É do encontro entre materiais naturais, artificiais, industriais e manufaturados, cruzando a repetição, a acumulação e a experimentação que a sua prática se situa. A performatividade dos objetos e formas que daí surge, transmite uma clara vontade em refletir os limites da metamorfose, numa lógica contínua de trabalho onde a fronteira do espaço do atelier e da sala de exposições se dilui e expande.

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Hilda de Paulo

Hilda de Paulo é artista, historiadora de arte, escritora e curadora independente, travesti terceiro-mundista e ecotransfeminista decolonial. Natural do Brasil, reside no Porto desde 2008. O seu percurso, marcado pela multidisciplinaridade, cruza a escultura, a performance e a pintura expandida, mas também o teatro e a escrita ensaística.

Hilda de Paulo trabalha sobretudo a partir de casa, destacando nas suas obras a dimensão material e simbólica do doméstico; o pequeno formato e a reutilização de objetos quotidianos, coloca em questão o acesso aos recursos, equipamentos e lugares públicos. Na intimidade do seu atelier, através de paisagens fabuladas, monumentos e criaturas inventadas—obras ainda desconhecidas do público que dão forma à sua imaginação radical—acedemos ao seu universo e coração travesti.  
 
A sua obra integra a exposição coletiva "Derivas e Criaturas" que pode ser vista atualmente na GMP. Na próxima quinta-feira, dia 2 de fevereiro, inaugurará a exposição EU COMO VOCÊ, em conjunto com Tales frey, no Maus Hábitos.

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Mónica Faria

Mónica Faria, quando se autodefine, não distingue a prática escultórica, da de educadora. Entrelaçam-se, como os fios de um tear, que conhece bem desde criança: com as aprendizagens da família, a mãe tapeteira e o pai fundidor; com o lugar, pelas escolas onde desenvolveu ações de arte-educação; e, ainda, com o processo artístico e criativo. 
 
Diz trabalhar ao ritmo das emoções, em função das relações que estabelece. Recolhe objetos, histórias e experiências, sobretudo o conhecimento oral passado de mãe para filha, como é o caso do seu próprio saber, transmitido com o mesmo tempo da fiação, do tingimento e da tecelagem.
 
No dia 11 de março, apresentará no espaço da Cooperativa Árvore a exposição “Vencer o Medo”. Até 28 de fevereiro a sua exposição “Cultura Instável”, pode ser vista no Museu Nogueira da Silva, em Braga.

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Thomas Szott

Um boneco de pano em escala natural com um orifício no peito revela a ausência de um suposto coração: “persona non grata”. Pequenas telas arquivadas no canto de um armário; um retrato vermelho, duas vezes incendiado, pela tinta e pela luz que se projeta na janela; capas de desenho e cadernos empilhados. 
 
Uma enorme paisagem interrompe a monotonia do corredor que conduz à mesa de trabalho. Cheira a incenso e diluente. Tudo parece remeter para a densidade do sonho. Estamos no atelier do artista Thomas Szott. 
 
Nascido no Brasil, Thomas Szott mudou-se para o Porto para realizar um mestrado na FBAUP. A sua prática, de tom confessional e autobiográfico, move-se entre a escrita, o desenho, a pintura e a escultura. Temáticas como solidão, desamor, vivências e traumas são recorrentes nas suas obras.

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Mariana Morais

Mariana Morais vive no Porto desde 2017, ano em que iniciou o Mestrado de Arte e Design para o Espaço Público na FBAUP e criou o projeto Mulheres Sem Cabeça, uma cartografia que se serve do Mapa de Arte Pública do Porto para questionar a ausência da representação à mulher artista ou homenageada. 
 
Através de exercícios de colagem, associações de palavras e narrativas imaginadas, Mariana percorre a estatuária do Porto, explicando por que razões as estátuas perdem a cabeça, ou estão à beira de um ataque de nervos. 
 
Estendendo esta investigação sem fim a colaborações como a Associação Amigos da Praça do Anjo ou o projeto Presente, de Virgínia Diego, a artista e arquiteta continua a bordar diferentes percursos, a esculpir pequenas personagens acéfalas e a fazer inquéritos aos transeuntes sobre monumentos e vandalismo. 
 
Se na rua virem uma criatura com a cabeça em chamas, parem e conversem com ela, talvez seja a Mariana Morais.

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Jazmin Giordano

De Buenos Aires para o Porto, Jazmin Giordano traz consigo um percurso diversificado – das exposições e feiras de arte, à formação e workshops em pintura. Por isso mesmo, o seu trabalho não se detém em nenhuma linguagem plástica particular, explorando o "conflito" através da conjugação de meios e elementos que provoquem estranheza.

Frascos de detergentes alados, telas com animais que se transformam em flores gigantes, anúncios que seduzem fiéis para congregações religiosas ou empresas; tudo com a influência das linguagens artísticas das periferias das cidades por onde passou.
 
Gosta da provocação Kitsch que, juntamente com o humor, usa para maximizar os temas e práticas menores da dita “história da arte”. Nas suas obras o comentário social, o absurdo, a crítica capitalista e feminista, encontram um espaço lúdico de diálogo.
 
Em breve terá uma exposição na Pb27 Gallery onde estarão algumas destas obras-exercícios traduzidos em pintura.  

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berru

Visitamos o atelier do coletivo berru, composto atualmente por Bernardo Bordalo, Rui Nó e Sérgio Coutinho, em Campanhã. Um espaço multidisciplinar com um miradouro improvisado e uma vista ampla sobre a zona oriental da cidade. 
 
A partir deste lugar, têm desenvolvido uma investigação sobre a vegetação espontânea da zona, face ao desenvolvimento das construções que se projetam para a área. Chamaram-lhe de projeto Feeling Flora (em colaboração com Gui Flor, Diogo Coelho, Miguel Mesquita e João Ferreira), onde refletem sobre a realidade, a agência e a “vida privada” de entidades não-humanas —rejeitando a visão antropocêntrica de pensar e agir sobre o mundo— e a urgência de, com elas, estreitar laços de proximidade e intimidade. 
 
O plano integra percursos pela área, como é o caso do próximo dia 11 de março, que se inicia no Monte da Bela, e culmina na Calçada de São Pedro com uma performance musical. Será ainda lançada uma publicação sobre o projeto, que conta com o apoio do Criatório.

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Jade Rocha

O percurso artístico de Jade Rocha começa do outro lado do oceano e parte de um desvio da sua formação inicial, em Letras. Apesar do deslocamento territorial e disciplinar, é através da palavra, escrita ou falada, que a artista brasileira encontra um ponto de convergência entre as experiências e os suportes para as suas produções. Fragmentária e multimedial — performance, pintura, fotografia, tatuagem — Jade fala da sua prática como um amplo e contínuo exercício de mapeamento de si e das suas identidades. 
 
Orientada pela espiritualidade, e numa relação íntima com os elementos naturais, a artista desafia a rigidez dos ritmos, das temporalidades e dos enquadramentos normativos do dito sistema da arte. Além da leitura e da escrita, Jade destaca o Afro-Surrealismo e a literatura de ficção científica como algumas das suas influências.
linktr.ee/jaderocha

Imagem: Duda Afonso

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Ani Schulze

Ani Schulze é artista alemã, viajante por geografias diversas, que tem transitado entre Colónia e Porto. Trabalha com a exigência da pintura e da cerâmica, expandindo a sua prática ao vídeo, desenho, aguarela ou impressão em seda, meios através dos quais cria e reinventa personagens humanas ou animais, que se metamorfoseiam ou petrificam.
 
Entre a similitude com a vida quotidiana – o banho, o piquenique, o cuidar –, e a magia do trivial – encantadores de serpentes, apicultores exaustos, adolescentes que brincam –, Ani Schulze recria os mundos oníricos que circundam o seu imaginário.
 
Está neste momento a realizar um filme a partir da peça "The Convent of Pleasure", uma utopia feminista de Margaret Cavendish, famosa escritora do séc. XVII que impulsionou o género literário da ficção científica.

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Teresa Adão da Fonseca

Entre materiais orgânicos, cores e outros elementos naturais, a prática de Teresa Adão da Fonseca reaje ao tempo e ao espaço, numa constante investigação por técnicas e conhecimentos ancestrais.
 
Diz-nos que é no fazer contínuo que se situa – nessa intermitência temporal –, onde os meios se cruzam e se transformam, seja pela pintura, o desenho, a escultura, a fotografia ou a instalação. À fertilidade e crescimento do mundo natural, Teresa Adão da Fonseca cruza a sua própria experiência enquanto mãe, desbravando as possibilidades de se estar com o mundo.
 
Neste atlas de relações, é para si essencial o trabalho em comunidade, que se desdobra em iniciativas educativas e sociais. É o caso de Projectos em Colectivo, que conta com o apoio da Direção-Geral das Artes, que promove a sensibilização para as artes, através da expressão artística e movimento corporal em Estabelecimentos Prisionais.

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Dalai

Desde a sua chegada ao Porto, em 2018, que Dalai (Rio de Janeiro, 1997) tem testado diferentes formas de intervir na paisagem urbana portuense. 
 
Consciente do potencial de transformação social pela arte, através da pichação, do grafiti e da pintura, Dalai procura criar espaços de ressignificação e diálogo na cidade. A particularidade do seu “tag” – um autoretrato de uma linha só – sintetiza problemáticas interseccionais que vão da subjetividade do artista enquanto homem, negro e residente em Portugal, às reminiscências histórico-coloniais que ecoam no quotidiano urbano. 
 
Outros tema, como os violentos processos de gentrificação e descaracterização que o Porto enfrenta, são também explorados pelo artista através da sua prática que propõe a “descolonização da cidade através de intervenções urbanas transgressoras”.

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Laboratorre

Laboratorre é um programa de workshops e residências artísticas localizado num antigo laboratório  no cais de Quebrantões, construído para albergar a supervisão da construção da Ponte de São João nos anos 90. A ocupação deste lugar pelo Coletivo Constructlab, que reúne arquitetos e designers, tem sido recebido summer-schools entre faculdades de arquitetura, urbanismo e arte (de Portugal, Austria e Holanda), workshops para crianças (ao qual chamaram de Bichos Eletrónicos) e visitas guiadas.
 
Durante esta visita, Patrick Hubmann, com Luise Keffel, partilharam a vontade em continuar a criação de projetos multidisciplinares com a comunidade local, que inclui a (auto)construção de espaços de encontro e lazer para famílias, mas também de um arquivo de memórias e histórias daqueles que sempre ali viveram, "mesmo antes da ponte".

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Mafalda Costa

Mafalda Costa começou a trabalhar com cera de abelha pela primeira vez quando estudava nas Caldas da Rainha. Aí, sentiu necessidade de produzir os seus próprios pasteis, criando as cores que desejava para cada desenho que fazia. Encontrou apicultores artesanais e começou a usar o excedente das colmeias, misturando pigmentos naturais. 
 
Agora, partilha os seus pastéis de cores cósmicas através da IO, onde sublinha a sua admiração pelo mundo dos sonhos e de outras galáxias.
 
No seu "Magic Lab" também cria o que chama de "Velas Poderosas", feitas de formas e estruturas orgânicas, onde a chama derrete a cera em diferentes pontos e direções.

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Raquel Moreira

Visitámos o estúdio de Raquel Moreira  mesmo no coração da baixa. 
 
Entre o quotidiano da cidade, encontramos a atração desta artista pelos objetos diarísticos, captados e representados nas mais variadas maneiras: do desenho, à pintura, passando até por processos fotográficos manuais, investiga sobre a natureza das coisas e a sua potencialidade de mutação, pelo tempo e pela mão humana. 
 
Entre a familiaridade e o estranhamento, procura o que está no meio, no plano do quase-visível, do corpo, das plantas e outros seres. E, tal como no seu trabalho, desdobra-se enquanto artista, mãe, mulher, professora e tantas outras coisas.
 
No próximo sábado, dia 6 de maio, apresenta "Química", uma exposição individual no The Cave Photography.

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Letícia Costelha & Miguel Tavares

Tudo começou com a ideia de fazer um filme para adormecer. Letícia Costelha  é artista, performer e parte do Atelier Mufla e Miguel Tavares é realizador, membro do Laboratório Torre e professor na Arco Centro de Arte. Desde 2021 que têm vindo a colaborar em “Power Nap” ou “90 Minutos Power Nap”, um projeto em processo que dá corpo ao fenómeno sensorial ASMR, armazenando sensações de conforto numa série de vídeos e sons relaxantes. 
 
Instalado entre a botânica dos jardins, guiamo-nos através de uma experiência sensorial, seja através do vídeo, onde observamos diferentes objetos de cores vibrantes a serem manuseados e massajados, ou através de uma paisagem sonora feita por sons suaves e soníferos.

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Artur Prudente

Repetição, cópia, diferença e erro são alguns dos conceitos que movem a prática do artista-pesquisador brasileiro Artur Prudente. Interessado nos entre-espaços e nos diálogos disciplinares entre antropologia e arte, Prudente explora as dinâmicas de poder que se desenrolam nos espaços públicos. 
 
É sob esta perspectiva que desde 2018 se dedica a observar elementos como andaimes, sinalética, redes de proteção, cavaletes, gruas e camiões, revelando os constantes processos de transformação da paisagem social e urbana da cidade do Porto.
 
Através da gravura – que entende como uma ferramenta de tradução –, Prudente transporta estes elementos para uma dimensão plástica com o interesse de produzir um arquivo vivo e portátil, materializando evidências de paisagens e temporalidades que já não existem mais.
 

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Inês Mendes

Inês Mendes tem vindo a explorar as diferentes camadas existentes na simbologia tradicional, em particular através das tradições do figurado português e das suas representações. 
 
Justapôe lendas, figuras e histórias do quotidiano através de meios como a cerâmica, o ferro ou o desenho, criando diálogos inusitados e rebatendo referências como Rosa Ramalho ou Susan Sontag.
 
Natural de Felgueiras, vive atualmente no Porto onde estudou Multimédia na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto. Integra o Atelier Mufla, o Coletivo Oporcent0 e participa na exposição "Première” patente até 18 de junho no Centro de Arte Oliva, em São João da Madeira.

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Clara Saracho

Clara Saracho reside no Porto, cidade à qual regressou depois de oito anos a viver em Paris, onde realizou o Mestrado de Artes Plásticas nas Beaux-Arts de Paris. 
Enquanto artista migrante, o seu trabalho tem vindo a refletir as possibilidades de diálogo e mobilidade entre práticas artísticas, culturas e diferentes materiais, tomando forma de instalações que revelam jogos espaciais, distorção de escalas e componentes metafóricas e literárias. 
De volta a Portugal, as suas peças mais recentes apresentam uma escala intimista, procurando explorar questões de ocupação física e social no papel da artista. Também o desenho têm adquirido expressividade na sua prática, seja do ponto de vista processual ou enquanto exercício meditativo e de composição. Tem vindo a apresentar trabalho em diversos lugares, como no Japão, na Musashino Art University, ou em França, na 68ème Salon de Montrouge e Museu de Arte Contemporânea de Lyon. Desde que regressou a Portugal, já expôs na Art Curator Grid, ArCo de Lisboa, e na Casa-Museu Abel Salazar, no Porto.

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Alícia Medeiros

Alícia Medeiros é artista-caminhante, investigadora, cofundadora da plataforma feminista Coletivo MAAD e Revista Lina, e nail-artist no projeto Aloka Nails. O seu percurso artístico-académico é marcado pela transdisciplinariedade: formou-se em Arquitetura e Urbanismo, é Mestre em Artes e Design Para o Espaço Público e Doutorada em Artes Plásticas. 
 
As dinâmicas de poder nas cidades e nos espaços públicos, analisados com recorte de gênero e sob uma perspetiva feminista, têm sido o seu foco investigação e atuação, presentes em projetos como “Cansei de Assédio” e a Tour Feminista do Porto, da qual é coautora. 
 
Inspirada pelo trabalho de autoras como Susan Lacy, Rebecca Solnit, Donna Haraway, Jane Jacobs, Paola Berenstein Jacobs, e pelo movimento punk-feminista DIY, Alícia têm desenvolvido uma série de obras e equipamentos que atestam as possibilidades de interação e performatividade nos espaços urbanos, através da tecnologia e dos meios móveis.
 
É natural do Brasil e desde 2013 que reside em Portugal. No Porto, a artista integra o estúdio multidisciplinar @casa.furia, gerido por artistas imigrantes.

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Casa da Imagem

A Casa da Imagem é um lugar de mediação artística, educativa, transdisciplinar, institucional e museológica, que integra a Fundação Manuel Leão, em Santo Ovídio, Gaia. Nesta visita de estúdio, Inês Azevedo e Joana Mateus, coordenadoras do projeto, levaram-nos pelas salas da antiga casa/indústria "Rocha Artes Gráficas", hoje habitadas por dispositivos óticos e fotográficos, para tocar e manipular. 
 
A Casa sai frequentemente do seu lugar, levando consigo estudantes, professores e artistas-educadores por projetos nacionais e europeus. Conversámos sobre o final do projeto #NarcissusMeetsPandora, focado no uso das tecnologias digitais para a representação e envolvimento crítico dos jovens nas redes sociais, e sobre o estudo das imagens da indústria nos arquivos Foto-Comercial Teófilo Rego e “Rocha Artes Gráficas”. 
 
A Casa recebe també artistas em residência. No espaço da galeria pode ver-se, até dia 2 de julho, "Preto|Branco|Verde", de Rita Leite e Yasmine Moradalizadeh.

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Oficina Pedrês

"A vida é tendencialmente ácida", relembra-nos a Oficina Pedrês, um espaço de investigação fundado em 2020, no Porto, por Matilde Cabral e Francisco Fonseca, e que tem explorado as áreas da ecologia sistémica e a subsistência habitacional.
 
Entre fardos de lã de ovelha reaproveitada, ramos de cânhamo, algas, carvão e óleos, a Pedrêz é um espaço simultaneamente oficinal, de arquivo e de partilha de conhecimento, que projeta o futuro a partir das matérias naturais e da consciência do fazer na relação com o mundo. 
 
Aqui se encontram invenções para a produção de uma série de recursos alternativos na construção de habitação: do isolamento das casas feito com lã, aos tijolos de cânhamo, passando pelas técnicas de proteção da madeira, caídas em desuso, no tempo.
 
Recentemente, desenvolveram uma proposta que propõe a regeneração natural do solo e das águas do Alqueva, e que integra a exposição Fertile Futures, que representa Portugal na edição deste ano da Bienal de Arquitetura de Veneza, até 26 de novembro.

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Carla Cruz e Cláudia Lopes

Desde 2019 que Carla Cruz e Cláudia Lopes têm vindo a partilhar espaços e processos criativos intermitentes da sua prática individual. 
 
Nos seus projetos, elaboram um intensivo processo de investigação artística sobre lógicas de tempo, refletindo sobre a performatividade da matéria, a perceção da realidade e o exercício da imaginação como ficção, – necessárias para a criação de multiplas identidades, humanas e não só.
 
Nos seus estudos sobre a superfície, enquanto extensão de múltiplas possibilidades ontológicas, investigam o campo poético, estético e político através de vestígios naturais e objetos manufaturados encontrados, numa espécie de arqueologia especulativa, sensível à escuta e interpretação dos elementos.
 
No início deste ano, participaram na exposição “Derivas e Criaturas. Novas adquisições da Coleção Municipal de Arte”, na Galeria Municipal do Porto, com "Coluna #1", uma peça cerâmica de grandes dimensões, formada por elementos orgânicos e minerais. 
 

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Clara de Cápua

A escrita de um texto sobre uma mulher em vias de desaparecimento leva Clara de Cápua a uma série de derivas e novas obsessões, como desenhar repetidas vezes a mesma ponte ou um conjunto de pedras. Atriz de formação, com uma carreira estabelecida nas Artes Cénicas, é a partir deste momento que decide, em 2017, mudar radicalmente o seu percurso e dedicar-se inteiramente às Artes Plásticas. 
 
Em conversa no seu atelier, rodeadas por fotografias familiares que utiliza nas suas criações, cadernos de desenho e algumas obras em construção, a artista brasileira conta-nos que desde infância, por ser filha de mãe artista, o desenho é uma prática constante. 
Possíveis relações entre corpo/paisagem, memória/ficção, múltiplas temporalidades são algumas das temáticas que tem explorado, através de técnicas e suportes diversos, como a gravura em metal, a pintura, o vídeo, ou fotografia, para além do desenho. 
 
Atualmente, frequenta o Doutoramento em Artes Plásticas na FBAUP, onde investiga os processos de desaparecimento e as tensões entre presença/ausência.
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Giulia Yoshimura

Talvez tenham sido as paredes pintadas com flores da casa de sua avó – e que emolduraram a sua infância –, as primeiras referências do que hoje é o trabalho de Giulia Yoshimura. Anos depois, o interesse pela botânica ressurge durante a sua graduação em Arquitetura, em São Paulo, Brasil. 
 
A partir do estudo urbano das grandes cidades, onde a presença da botânica se reduz a apontamentos decorativos ou paisagens encenadas, dedicou-se a explorar o conceito de “Cegueira Vegetal”. Em busca da reconexão com o universo vegetal, a sua prática foi progressivamente migrando para o campo artístico. 
 
Dos estudos no ateliê, onde explora o humano e vegetal através de relações formais e cromáticas, à pintura mural no espaço público, onde compõe as suas fabulações botânicas em grande escala, procura criar diálogos entre as comunidades humanas e mais-que-humanas. 
 
Atualmente, desenvolve o mestrado na FBAUP e têm participado em iniciativas da cidade como o Programa de Arte Pública da Ágora, para o qual criou o mural “Passiflora”, nas Escadarias do Monte Tadeu.
 
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Carlos Barradas

Carlos Barradas teve o primeiro contacto com a fotografia, através de um primo que correspondia à “típica figura do fotógrafo local”, que lhe ofereceu as primeiras máquinas fotográficas.
 
Quando entrou no curso de Antropologia, ainda “não sabia bem que era o complemento perfeito para a fotografia”. E embora tenha trabalhado como fotojornalista no Diário de Coimbra, durante muito tempo, a fotografia e a sua carreira científica foram universos distintos.
 
Questões como a sustentabilidade, território, colonialismo e pós-colonialismo, deficiência e novas masculinidades estão entre os principais temas dos ensaios fotográficos e textuais que tem vindo a produzir. Atualmente, desenvolve "A incompletude para além do fim", um projeto apoiado pelo Criatório, através do qual aborda e discute visual e textualmente a temática da identidade na população residente na Freguesia de Campanhã, utilizando metodologias colaborativas e de inspiração etnográfica.
 
É ainda cocriador e coeditor da @sopa.mag e editor de conteúdo da plataforma de fotografia @lenscratch, sediada em Los Angeles.
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Attilio Fiumarella

Attilio Fiumarella é arquiteto formado na Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto. Chegou ao Porto como estudante do programa Erasmus+, vindo de Nápoles e rapidamente se apaixonou pela cidade, pela sua arquitetura e, daí, pela fotografia. 
 
O que poderia ser uma simples visita de estúdio para se falar de fotografia, na suas vertentes documental, de arquitetura ou de exposições, tornou-se numa conversa que revelou um corpo de trabalho muito amplo, enraizado nos lugares onde foi vivendo, como Milão, Birmingham e Toronto. 
 
De novo no Porto, no seu atelier estão objetos que o mar devolve à praia, conjugados naquilo que chamamos de escultura, para serem fotografados em estúdio e manipulados analogicamente em negativo e com recurso à cor. @attiliofiumarella desenvolve um percurso disciplinar centrado na fotografia, explorando cada vez mais a imagem na sua vertente mais artística e expandida.
 

Visita de Estúdio 👁

ter/rajo

Desde cedo que a música é uma componente presente na vida de ter/rajo. Aos sete anos, iniciou-se nos estudos clássicos, encontrando no bombardino um lugar de conforto. Os trânsitos contextuais – da aldeia para o conservatório e, depois, para a universidade –, transformaram a sua relação com a música; seja do ponto de vista do fazer, como do pensar e do sentir.
 
Para si, som e música existem como linguagem e ganham novos sentidos e possibilidades através do fazer coletivo, em diálogo com diferentes artistas e disciplinas, como a poesia, a dança ou a performance. Em “Ahora Si”, o seu primeiro trabalho individual editado em K7, pela Crystal Mine, e lançado em maio deste ano, paisagens sonoras conduzem-nos por um percurso denso e eruptivo desde o coração da terra ao ponto mais alto da linha do horizonte. Atualmente, ter/rajo encontra-se em residência na plataforma Atravessa, pesquisando sobre vibração, repetição e ruído em suportes de metal.

Visita de Estúdio 👁

Kiko Pedras

No seguimento do "Hotel para Insetos", um workshop que Kiko Pedras propôs aos jovens estudantes PINGs!, fomos visitar a sua casa-oficina-jardim. 
 
É lá que desenvolve projetos de complexidades diversas, onde a mão está sempre presente, seja a construir canoas, colmeias ou estufas. É também um local de encontro para artistas, cenógrafos e curadores pensarem em conjunto estruturas, plintos ou instalações. 
 
A sua prática estende-se para todas as áreas, como é o da sua própria casa, que é repensada e alterada conforme as necessidades da um espaço rural. No espaço exterior, há árvores como sequoias ou pereiras, e onde se veem abrigos para insetos e pássaros, se ensina a permacultura e se fazem tijolos em adobe. 
 
Todos os dias são diferentes: “num dia guio um feijoeiro para ali, no outro transplanto da horta para a leira.” 

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